CONSUMO DE RECURSOS NATURAIS NAS EDIFICAÇÕES

Figura 1 – Evolução do consumo de energia elétrica por habitante em alguns países. (U.S CENSUS BUREAU; EIA-ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION, Official Energy Statistics from the U.S. Government)
A construção e o uso dos edifícios são um dos maiores consumidores dos recursos naturais no ambiente, consumindo 16,6% do fornecimento mundial de água pura, 25% de sua colheita de madeira e 40% de seus combustíveis fósseis e materiais manufaturados (Wines, 2000). Esta indústria responde também pelo processo de contaminação atmosférica, sendo responsável por uma grande parcela das emissões de C02, principal gás responsável pelo efeito estufa. No Brasil, a indústria cimenteira contribui atualmente com 6% a 8% do CO2 emitido (CDIAC, 2000 apud JOHN, 2000).
Em função do modo de vida e das crescentes exigências de conforto da população (gerado principalmente por meio de sistemas e equipamentos supridos com energia proveniente de fontes não renováveis), o consumo energético tem aumentado no mundo todo, sendo os países mais desenvolvidos os que apresentam maior consumo (Figura 1). Dentro do panorama nacional, as edificações consomem, para uso e manutenção, 44% do consumo total de energia elétrica do país, distribuído entre os setores residencial (22%), comercial (14%) e público (8%) (Brasil, BEN, 2005). Salienta-se que nesta estimativa ainda não é levada em consideração a parcela de energia embutida nos materiais que compõem as edificações.
O consumo e uso da água é outro critério importante a ser considerado quando se fala em edificações sustentáveis, principalmente porque a água encontra-se distribuída de forma desigual no mundo (Figura 2). Estima-se que apenas 2,5% da água do planeta seja própria para o consumo; sendo que a maior parte desta encontra-se na forma de gelo polar ou em camadas profundas e inacessíveis. Assim sendo, a quantidade de água potável acessível em lagos, rios ou represas, representa algo em torno de 0,01% do total da água no planeta (UNEP, 2002). Além disso, o consumo de água no mundo vem aumentando exponencialmente e Lemos (2003) alerta que apenas para o atendimento da demanda futura para fins urbanos seriam necessários investimentos na ordem de 11 a 14 bilhões de dólares por ano, durante os próximos trinta anos. Segundo projeções da ONU, no ano de 2025 dois terços da população mundial (ou 5,5 bilhões de pessoas) viverão em locais que sofrem com algum tipo de problema relacionado à água.
A concentração de CO2 é outro dos problemas importantes ocasionados pelo desenvolvimento da sociedade e que teve grande aumento nos últimos anos. Se continuarmos na tendência de crescimento atual (os Estados Unidos, por exemplo, são responsáveis por mais de 20% das emissões de CO2 no mundo), estaremos cada vez mais longe do nível de sustentabilidade estabelecido no protocolo de Kyoto, sendo necessário, entre outras estratégias, o desenvolvimento de tecnologias mais ecologicamente corretas.
Dados do ultimo relatório do International Panel on Climate Change – IPCC apresentado em maio de 2007, em Bangkok, Tailândia, mostram que as emissões globais de gases causadores do efeito estufa vêm aumentando desde a era pré-industrial, com um crescimento de 70% entre 1970 e 2004. Com as atuais políticas sobre mudanças climáticas e práticas de desenvolvimento sustentável relacionadas, estas emissões continuarão a crescer nas próximas décadas.
De acordo com Zakaria (2007), a maioria dos estudos prevê que o consumo de energia no mundo vai dobrar até o 2050 e a China e a Índia serão grandes responsáveis por este aumento. Os dois países estão construindo 650 termelétricas, sendo que a emissão de CO2 delas todas será cinco vezes maior que a economia que o acordo de Kyoto assinado em 1997 obteria, se todos os países ocidentais tivessem aderido às suas metas, o que não ocorreu.
Desta forma, o alto consumo dos recursos naturais e o desenvolvimento insustentável que temos experimentado até agora está ocasionando conseqüências econômicas graves, alterações dos ciclos na fauna, secas, aumento na freqüência e violência dos furacões e tempestades tropicais, redução na camada de ozônio e aquecimento global provocado pelo efeito estufa (que entre outras conseqüências traz o derretimento das calotas polares, elevação dos níveis do mar, devora áreas de terra, contamina os reservatórios de água doce e provoca a migração de populações costeiras).
Tudo isto coloca hoje mais do que nunca em evidência a aplicação do conceito de desenvolvimento sustentável em todos os níveis, e em especial às edificações, visto que a forma como são projetadas, construídas e usadas influenciam diretamente no consumo de recursos e no conforto e saúde da população que nelas interage.
fonte: http://www.labeee.ufsc.br/
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